Especialistas apontam que principal
risco é a saída de outros membros.
Enfraquecimento do bloco pode ter
consequências para outros países.
Cartão postal com o slogan "Siga em frente" é encontrado
em banca de jornal em Londres (Foto: Leon Neal/AFP)
Os
britânicos decidiram sair da União Européia. A decisão do referendo, realizado na quinta-feira (24),
causou um mau humor generalizado nos mercados financeiros em meio às incertezas
sobre o impacto que a saída do Reino Unido do bloco deve causar aos outros
países pelo mundo.
Veja como fecharam os mercados:
Algumas
das bolsas da Europa registraram queda de mais de 12%. O FTSEurofirst 300, que
reúne as principais ações do continente, caiu 6,65%. As ações de bancos ficaram
entre as principais perdas do dia no continente.
A cotação
da libra também foi impactada pelo resultado do referendo. A moeda britânica afundou 10% em valor, atingindo
o ponto mais fraco desde 1985.
Sair da
UE pode custar ao Reino Unido o acesso ao mercado único
comercial do bloco e significa que os britânicos precisarão buscar novos
acordos individuais com países do mundo todo.
Veja uma
lista de possíveis impactos econômicos da decisão de referendo:
1. Impactos para a economia britânica
Um dos argumentos dos britânicos a favor da saída
do bloco é de que o Reino Unido mais contribui com a UE do que recebe recursos.
Isso porque os fundos pagos pelo Reino Unido para o orçamento europeu
contribuem para financiar programas e projetos em todos os países da UE. O
Reino Unido também tem projetos financiados por fundos estruturais e de
investimento do bloco.
2. Impacto para o comércio exterior britânico e europeu
A
participação na União Europeia permite que os países comprem e vendam produtos
e serviços entre si sem a aplicação de taxas e impostos dentro da área comum. O
Reino Unido então passa a ter taxas diferentes no comércio exterior com os
países europeus em relação às praticadas agora, podendo inclusive trocar de
parceiros.
3. Impacto nas importações e exportações de outros países, incluindo o
Brasil
As
negociações com países fora do bloco se tornam mais livres, como pontua Marcus
Vinicius de Freitas.
"O Brasil se beneficiaria eventualmente,
porque agora poderia exportar para os britânicos produtos primários que sofrem
algum tipo de impedimento na entrada na União Europeia. A negociação passa a
ser bilateral simples, com um único país", diz Otto Nogami.
4. Impactos econômicos para o bloco
O professor Otto Nogami afirma que uma eventual saída do Reino Unido do
bloco significa a extinção de uma das bases do tripé no qual está apoiada a
União Europeia.
“Toda a estrutura da UE está baseada na Alemanha, França e Reino Unido.
Na medida em que se tira um deles, a estrutura fica capenga. São as três
economias mais fortes e representativas, e tirar uma delas pode desestabilizar
a economia da União Europeia. Todo o peso acaba recaindo sobre a Alemanha,
porque hoje a França está totalmente desestabilizada. O que não se sabe é até
que ponto a Alemanha teria condições de carregar todo o continente nas costas,
economicamente falando."
5. Impactos para outros países, como o Brasil, se a
União Europeia perder força
Paulo
Figueiredo aponta que a principal incerteza após a decisão britânica é com
relação ao posicionamento de outros países europeus.
“A grande
questão é a incerteza que essa saída vai gerar e a brecha que abre. A gente já
teve discursos na Holanda e na França de que também deve ter uma
votação para permanecer ou não. E isso pode enfraquecer muito o bloco.
Com possíveis saídas de outros países, talvez se tenha um movimento igual na
Alemanha. Tudo isso traria um problema econômico, porque o bloco deixaria de
existir.”
“Todas as
alianças comerciais que os países da União Europeia têm com o resto do mundo
teriam que ser refeitas. Isso traria uma complicação muito grande",
completa o especialista. "Se a gente começa a ver que o bloco perde força,
aí sim vai trazer um impacto para o Brasil e outros países."
Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/06/veja-4-possiveis-impactos-economicos-da-saida-do-reino-unido-da-ue.html
Paulo Figueiredo aponta que a principal incerteza após a decisão britânica é com relação ao posicionamento de outros países europeus.
