quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Risco de pedido de impeachment de Dilma dobra, diz consultoria


Em relatório a clientes nesta segunda-feira, 9, a empresa de consultoria política Arko Advice calcula que a probabilidade de um pedido de impeachment prosperar dobrou desde a semana passada e agora chega a 30%. O risco era ao redor de 15% antes da pesquisa Datafolha mostrar no fim de semana que a popularidade da presidente Dilma Rousseff despencou.
O porcentual de risco atual, “embora pequeno, é significativo”, dizem os analistas da Arko Advice, lembrando no relatório que já existe nas redes sociais a convocação de uma manifestação pró-impeachment para o dia 15 de março. (...)
Para além das notícias de isolamento de Dilma nas suas relações com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o Partido dos Trabalhadores, é interessante observar que ataques e críticas veladas ao seu governo começam a vir não somente da oposição.
Não passou em branco o artigo publicado na edição de domingo da Folha de S. Paulo pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o qual teria sido indicado por Lula para vários cargos no governo Dilma, os mais recentes incluindo o comando do Ministério da Fazenda e também da Petrobrás, como a imprensa vem divulgando há tempos em notas de bastidor.
Sempre comedido na escolha das suas palavras, Meirelles começa o seu texto, cujo foco seria eventos externos, desta maneira: “Com recessão, apagão, seca e petrolão …”. Ele arremata o artigo assim: “O caminho passa por uma administração profissional de governos e estatais, uma regulação pró-competição que dê condições aos empresários de empreenderem e gerar crescimento e emprego, um bom funcionamento do sistema de preços e a maior transparência possível.” (...)
Ou ainda no parecer do advogado Ives Gandra Martins dando sustentação jurídica a um pedido de impeachment.
O cerco à Dilma saiu da oposição, começa a migrar para políticos ligados a “aliados”, como o ex-presidente Lula, e agora passa a ter o termômetro da avaliação popular. Aliás, não se esperava que a deterioração do índice de popularidade, assim como a disparada na avaliação ruim/péssima, da presidente fosse tão rápida mal tendo começado seu segundo mandato. A avaliação ótimo/bom de Dilma despencou de 42% na pesquisa anterior para 23% no levantamento divulgado no fim de semana, enquanto a nota ruim/péssimo subiu de 24% para 44%. A piora das perspectivas para a economia brasileira – com o temor de inflação em alta, de recessão e do aumento do desemprego – explica em boa parte o sentimento negativo das pessoas ouvidas pelo Datafolha.
Mas não só isso: tem também o desgaste com o crescente risco do racionamento de água e de energia elétrica e o sentimento de que, com as medidas amargas do ajuste fiscal, especialmente com o corte de benefícios trabalhistas e elevação da carga tributária, Dilma fez exatamente o contrário do que prometeu na campanha eleitoral.
Para agravar a situação, as denúncias publicadas com a investigação da Operação Lava Jato sobre o esquema de corrupção na Petrobras azedaram o humor em relação ao PT e ao governo. (...)
E o cenário à frente não é promissor. Isso porque, com a divulgação do depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, haverá maior turbulência política a partir de futuras fases da Lava Jato, quando os investigadores passarem a detalhar quais políticos receberam doações ilegais para as suas campanhas eleitorais. Barusco disse, em delação premiada ao Ministério Público Federal, que o PT recebeu até US$ 200 milhões entre 2003 e 2013 em propinas provenientes de contratos da Petrobrás. (...)
E esse é o problema que o Brasil pode ter de enfrentar no curto prazo: a política contaminando a economia, que por sua vez agravará mais o ambiente político.

Por: * Fábio Alves é jornalista do Broadcast

Fonte do texto: http://economia.estadao.com.br/blogs/fabio-alves/2015/02/09/risco-de-impeachment/

Nenhum comentário:

Postar um comentário