Em relatório a clientes nesta segunda-feira, 9, a empresa de
consultoria política Arko Advice calcula que a probabilidade de um pedido de
impeachment prosperar dobrou desde a semana passada e agora chega a 30%.
O risco era ao redor de 15% antes da pesquisa Datafolha mostrar no fim de semana que a popularidade
da presidente Dilma Rousseff despencou.
O porcentual de risco
atual, “embora pequeno, é significativo”, dizem os analistas da Arko Advice,
lembrando no relatório que já existe nas redes sociais a convocação de uma
manifestação pró-impeachment para o dia 15 de março. (...)
Para além das notícias
de isolamento de Dilma nas suas relações com o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e com o Partido dos Trabalhadores, é interessante observar que ataques
e críticas veladas ao seu governo começam a vir não somente da oposição.
Não passou em branco o
artigo publicado na edição de domingo da Folha de S. Paulo pelo ex-presidente do
Banco Central Henrique Meirelles, o qual teria sido indicado por Lula para
vários cargos no governo Dilma, os mais recentes incluindo o comando do
Ministério da Fazenda e também da Petrobrás, como a imprensa vem divulgando há
tempos em notas de bastidor.
Sempre comedido na
escolha das suas palavras, Meirelles começa o seu texto, cujo foco seria
eventos externos, desta maneira: “Com recessão, apagão, seca e petrolão …”. Ele
arremata o artigo assim: “O caminho passa por uma administração profissional de
governos e estatais, uma regulação pró-competição que dê condições aos
empresários de empreenderem e gerar crescimento e emprego, um bom funcionamento
do sistema de preços e a maior transparência possível.” (...)
Ou ainda no parecer do
advogado Ives Gandra Martins dando sustentação jurídica a um pedido de
impeachment.
O cerco à Dilma saiu da
oposição, começa a migrar para políticos ligados a “aliados”, como o
ex-presidente Lula, e agora passa a ter o termômetro da avaliação popular. Aliás,
não se esperava que a deterioração do índice de popularidade, assim como a
disparada na avaliação ruim/péssima, da presidente fosse tão rápida mal tendo
começado seu segundo mandato. A avaliação ótimo/bom de Dilma despencou de 42%
na pesquisa anterior para 23% no levantamento divulgado no fim de semana,
enquanto a nota ruim/péssimo subiu de 24% para 44%. A piora das perspectivas
para a economia brasileira – com o temor de inflação em alta, de recessão e do
aumento do desemprego – explica em boa parte o sentimento negativo das pessoas
ouvidas pelo Datafolha.
Mas não só isso: tem
também o desgaste com o crescente risco do racionamento de água e de energia
elétrica e o sentimento de que, com as medidas amargas do ajuste fiscal, especialmente
com o corte de benefícios trabalhistas e elevação da carga tributária, Dilma
fez exatamente o contrário do que prometeu na campanha eleitoral.
Para agravar a situação,
as denúncias publicadas com a investigação da Operação Lava Jato sobre o esquema
de corrupção na Petrobras azedaram o humor em relação ao PT e ao governo. (...)
E o cenário à frente não
é promissor. Isso porque, com a divulgação do depoimento do ex-gerente da
Petrobras Pedro Barusco, haverá maior turbulência política a partir de futuras
fases da Lava Jato, quando os investigadores passarem a detalhar quais
políticos receberam doações ilegais para as suas campanhas eleitorais. Barusco
disse, em delação premiada ao Ministério Público Federal, que o PT recebeu até
US$ 200 milhões entre 2003 e 2013 em propinas provenientes de contratos da
Petrobrás. (...)
E esse é o problema que
o Brasil pode ter de enfrentar no curto prazo: a política contaminando a
economia, que por sua vez agravará mais o ambiente político.
Por:
*
Fábio Alves é jornalista do Broadcast

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